quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ícaro.



Lançei-me para além das nuvens em uma épica jornada, rumo ao desconhecido. Asas da liberdade se abrem. Meus caminhos foram traçados pelo destino e ao seu encontro estou em busca. A melancolia de deixar o ninho acolhedor toma conta de meu espírito, mas é hora de alçar voo, como as aves do céu. E assim, ganhei altitude. Nenhuma barreira se mostrou diante de mim.

Do horizonte, vi que uma tempestade estava se aproximando.
Ventos sopravam com força em minha direção. E não podia mudar o curso de minha longa e solitária jornada.

-Que farei agora?
Interroguei-me.

- Baterei cada vez mais forte as minhas asas. Voarei assim o mais alto que puder.

E logo notei que cada vez mais o chão se distanciava de meus pés. Tudo tornara-se minúsculo lá embaixo. Nada se ouvia de gritos e lamúrias. Casas e prédios pareciam miniatura. O silêncio absoluto imperava, de forma que podia escutar unicamente a minha respiração.

E após alguns instantes de contemplação, lembrei que minhas asas eram de cera. Percebi que estava acima daquela tormenta. Nada mais podia ver abaixo de mim. Olhei para cima e vi o sol, em toda sua imponência. Interroguei-me: 

- Que farei?
E uma voz me disse:

- Continue voando, as tormentas logo passarão. E em alguns instantes você poderá descer em segurança para reparar sua asa.

Olhei para baixo e pude visualizar o chão. Não mais haviam nuvens pesadas e podia então me recompor em solo. Ao me aproximar de uma colina, uma das asas ameaçou quebrar. O medo da morte tomava conta de mim. Eis que ela se partiu. Cai de aproximadamente uns 15 metros de altura por sobre as águas límpidas de rio. Agarrei-me a um tronco de árvore e nadei em direção à margem direita. Escapara, sem nenhum ferimento, mas com muitas lições que só com o tempo poderei compreendê-las.

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