quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Titã


Viu, do alto da montanha, um mundo inteiro a ser desbravado. Fitou suas atenções ao leste. Havia, no olhar impetuoso daquele jovem aventureiro a convicção de qual rumo deveria seguir. Intuição ou revelação? Não deu importância às incertezas. E caminhou, sem olhar para trás. De cabeça erguida, ao encontro de sua sorte.

Em seus ombros, carregava o peso de uma calejada vida.
Lutava contra cada inimigo que aparecia diante de si com todas as suas forças. Sua mente sussurrava que a maior das derrotas de um ser humano é não ter a coragem de lutar pela busca de sua felicidade. Julgava que a superação dos obstáculos lhe faria digno das mais meritórias das honrarias. Em sua jornada, a cada passo, aumentava sua apreensão. 

Da morte, não tinha medo.

- Que espera por mim adiante? Interrogou-se.

O caminho era longo demais. Sabia que um dia chegaria onde desejava, mas aprendeu que para tudo há um tempo, até para se imortalizar nas páginas da história. 

Mnemosine, escondida na copa das árvores da floresta pela qual caminhava, disse para consigo:

- Quem há de ignorar a sabedoria que Chronos, senhor dos tempos, propicia? 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fortuna

Em minhas andanças solitárias e sem rumo por terras tão distantes de meu ponto de partida, recordo-me à cada passo dado, aqueles momentos quase esquecidos na memória e que sempre me motivam a caminhar mais e mais, ignorando o cansaço e os obstáculos que inevitavelmente aparecem. Ao futuro, devo lançar olhares. Mas qual futuro?

As utopias me moveram por uma trajetória incerta. Dias, meses e anos se passaram. Converti-me em um pobre andarilho, ostentando vestes rasgadas e despido estou de todas as vaidades.

Descalço e sem rumo vou seguindo, a mendigar trocados de vilarejo em vilarejo. As sandálias que calço não mais protegem meus pés, mas de fé renovada estou a ir adiante em busca de melhor sorte. Não sei o que me espera, mas sei que devo ir. Quem, de seu destino, é senhor? Sorte ou infortúnio, qual encontrarei primeiro? Creio que o mais prudente seja não mais esperar por respostas da vida. Melhor deixar que tudo siga seu curso. 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Teseu.

Palavras de um sábio ancião:


há, na firmeza do agir deste jovem intrépido, uma só verdade: os louros da vitória são dados aos que pensam para além das limitações aparentes.

Ainda que as derrotas sejam colossais ou inevitáveis e estando os inimigos, ávidos a lhe cortarem as pernas, haverá sempre de se levantar e seguir adiante, rumo ao grandioso futuro que se desenha no horizonte dos que se destinam a ser grandes, com vigor e impetuosidade de um destemido guerreiro!

Então o jovem se lembrou de Alexandre da Macedônia, que com 23 anos conquistara e unira metade do mundo até então conhecido. E pensou consigo mesmo: Que haveria de ser da vida, sem experimentar as sangrentas batalhas pela sobrevivência, nesta selva de pedras que converte os seres humanos em bestas ferozes? Que haveria de ser da vida, se cada dia não fosse uma página de sabedoria?


domingo, 8 de janeiro de 2012

Marte


Até quando terei forças para resistir à constante infâmia dos inimigos que se lançam contra meu reino de tranquilidade e prosperidade? Como lobos ferozes, os exércitos de Esparta marcham em alta velocidade pelas campinas verdejantes. Cruzam o Peloponeso em direção à Ática. Nenhuma tempestade, nenhum terremoto os interrompem. Vencer é o lema desse povo guerreiro. Almejam levar as nossas vestimentas e os poucos dracmas que temos. O pior de uma guerra é o temor da derrota inglória.

Por isso, clamamos:

Marte, ó senhor da guerra, esqueçais de nós. Se esperas que fujamos, ficaremos por bravura de nossos homens!

Resistiremos até o fim. 

E nos resta a crença da vitória a motivarmos diante de tão difícil provação.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Cavalo de Tróia

Presente da vida à alguém apegado à vaidades. Surpreso ficou ao recebê-lo. Notara que foi embalado com muito esmero. O remetente estava suprimido. Não havia como saber de onde veio, mas se sabia que tinha um destino certo.

Ao abri-lo,  um vazio enigmático o deixou intrigado. 

- Qual o objetivo de tamanha anedota? Quem o teria feito? Interrogou a si mesmo.

 Horas se passaram e então decidira sair da comodidade de sua casa para caminhar um pouco pelas ruas. Sentou-se em um banco da praça, na companhia de um velho sábio notadamente em estado alcoolizado.  Confidenciou-lhe o que havia acontecido. E o mesmo exclamou uma resposta tão objetiva que do espanto, descobriu seu auto-aprendizado: "Mostrar que devemos preencher a nossa vida com coisas que nos fazem realmente crescermos". E então não mais fui o que sempre fui. E passei a ser aquilo que jamais imaginara que pudesse ser.